domingo, 6 de janeiro de 2013

De que vale a mentira?


Desde que o presidente Hugo Chávez voltou a Cuba para se tratar do seu câncer chama a atenção o tanto que a imprensa opositora tem reforçado a carga de mentiras contra o processo revolucionário venezuelano e seu presidente. Insistem em primeiro lugar, suspeita-se talvez mais desejando do que buscando informar, que Chávez "estaria morrendo" e acusam o governo de "mentir" sobre "o real estado de saúde" do mandatário. Não é a primeira nem a última vez que o matam nos seus delirantes discursos, como fizeram na última cirurgia que Chávez se submeteu. Parece que não se cansam de bancar os bobos, insistindo num ridículo papel de desinformadores da opinião pública que, no fim, só serve para desmoralizar sua oposição à revolução. Seu comportamento, não por coincidência, lembra o tratamento tendencioso que essa imprensa sempre reservou ao amigo de Chávez, Fidel Castro, que praticamente não passa um ano sem que a mídia dos capitalistas o mate nos seu sonhos - por sinal a mesma imprensa dos que o tentaram assassinar (de verdade!) mais de quinhentas vezes!

Porém, a pior de todas as mentiras que tenta espalhar essa grande imprensa, "livre" somente para se amordaçar como simples porta-voz da oposição capitalista, é a de que a Venezuela teria de realizar novas eleições presidenciais caso Chávez não esteja apto a assumir seu mandato no dia 10 deste mês. Para desfazer mentiras de forma contundente, cita-se o artigo 233 da Constituição venezuelana:

"Será (considerada) vacância absoluta do Presidente ou Presidenta da República (condição para realizar novas eleições): sua morte, sua renúncia, ou sua destituição decretada por sentença do Tribunal Supremo de Justiça, sua incapacidade física ou mental permanente certificada por uma junta médica designada pelo Tribunal Supremo de Justiça e com aprovação da Assembléia Nacional, o abandono do cargo, declarado como tal pela Assembléia Nacional, assim como a revogação popular de seu mandato."

Mas claro, como bons golpistas que são, para os capitalistas e a sua imprensa a Constituição é "irrelevante" . Tentam ensurdecer os fatos berrando a altos volumes as suas bravatas, como se esperassem decidir a contenda no grito. Assim, citam informações de jornalistas "independentes" para mentir ao mundo que, dessa vez, "finalmente nos livraremos de Chávez". Citam também juristas "independentes" para dizer que a não realização de novas eleições "é um golpe". Independentes de quem, dependentes para quem?! Certamente, independentes da imparcialidade, dependentes do grande capital privado que (muito corretamente) identifica nos novos processos revolucionários da América Latina uma séria ameaça para seus lucros, ainda mais numa conjuntura mundial de crise econômica e (por que não?) ideológica do capitalismo.

Aí fica a pergunta: de que adianta mentir? No caso da imprensa capitalista na Venezuela há a aposta na "mentira útil", aquela que desinforma e desestabiliza com o deliberado propósito de preparar o terreno para futuras tentativas de golpes de Estado, um modelo que já se cansou de repetir na América Latina. Quem se esquece há dez anos atrás quando essa mesma mídia, dita "guardiã da democracia", passava desenhos animados na TV enquanto seus amigos golpistas, que mantinham Chávez preso, decidiam como proceder para matar o presidente eleito pelo povo?

Porém, qual a serventia da Globo e da sua correspondente na Venezuela repetirem tais mentiras para o público brasileiro? Interessante notar como, nesses assuntos cruciais, o discurso dessa "livre imprensa" opositora é unânime, verdadeiramente monolítico, tanto em Caracas quanto no Brasil. Para eles, tudo que o opositor venezuelano diz vira verdade absoluta, e a seguir é vendido como "fato jornalístico" aqui no Brasil. Nada que espante, pois o que une imprensa e jornalistas "livres e independentes", tanto lá quanto aqui, é a subordinação destes ao ditames do capital privado e de sua agenda política retrógrada.

De que valem a suas mentiras, Globo?

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