Primeira Consideração: o sionismo, o grande capital e o Império saem derrotados.
A queda dos regimes autoritários de Hosni Mubarak no Egito e de Zine Ben Ali na Tunísia representa, ainda que parcialmente, uma importante derrota para o sionismo, o grande capital transnacional e o Império norte-americano. O primeiro derrotado foi o capital, por ouvir mais uma vez a sua ladainha do "livre mercado" levar um sonoro "não" das ruas. Até recentemente elogiado pelos "especialistas de mercado" como um obediente seguidor da cartilha neoliberal e "exemplo" de desenvolvimento e prosperidade, a Tunísia foi redimida pela ação de seu próprio povo, que cansou de ouvir calado aos "especialistas" e decidiu mostrar ao mundo a sua própria voz, a voz da verdade dos explorados. A seguir, com a queda do autocrata egípcio, o Império e o sionismo perderam um dos governos mais lacaios das políticas imperiais dos EUA e de Israel na região. O Imperialismo tem agora, ainda que por enquanto, dois aliados a menos no mundo árabe, e a onda ainda segue o seu caminho.
Segunda Consideração: as causas estruturais desta e das próximas revoluções.
Muito além da auto-imolação do jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, que se incendiou até a morte em protesto contra o fechamento de seu pequeno comércio de rua e contra a corrupção das autoridades que tentaram suborná-lo, o estopim da crise revolucionária que hoje subverte a realidade do Mundo Árabe tem raízes no desemprego e na crise de escassez de alimentos. Estas, por sua vez, são resultado direto do desenvolvimento do capitalismo e de suas contradições (como o desemprego estrutural tecnológico, a crise "financeira" global de 2008 e a expansão das relações capitalistas ao campo, no chamado agronegócio), mas também resulta da Crise Ambiental e seu impacto direto nas safras agrícolas. Fica assim demonstrado o potencial explosivo que o desenvolvimento simultâneo do "aquecimento global" e das contradições do capitalismo representam. O inevitável aguçamento das crises ambiental e econômica irá fatalmente multiplicar as crises revolucionárias e fará de Egito e Tunísia os laboratórios da História do século XXI, de forma que, contraditoriamente, o crescente sofrimento dos povos do mundo será o mesmo caldo fértil capaz de elevar a consciência política destes povos rumo à sua emancipação, levando-os a enfrentamentos cada vez mais radicais e politizados contra seus opressores mais imediatos, sejam eles "ditaduras" ou "democracias fortes". O "vento da mudança" que hoje se espalha pelos países do mundo árabe pode também ser interpretado como uma repetição da onda anti-neoliberal que varreu a América Latina há uma década, conduzindo ao poder governos progressistas e/ou revolucionários por todo o continente, demonstrando que a chama de contestação contra a injusta ordem global capitalista está longe de se apagar, e na verdade vem reavivando.
A queda dos regimes autoritários de Hosni Mubarak no Egito e de Zine Ben Ali na Tunísia representa, ainda que parcialmente, uma importante derrota para o sionismo, o grande capital transnacional e o Império norte-americano. O primeiro derrotado foi o capital, por ouvir mais uma vez a sua ladainha do "livre mercado" levar um sonoro "não" das ruas. Até recentemente elogiado pelos "especialistas de mercado" como um obediente seguidor da cartilha neoliberal e "exemplo" de desenvolvimento e prosperidade, a Tunísia foi redimida pela ação de seu próprio povo, que cansou de ouvir calado aos "especialistas" e decidiu mostrar ao mundo a sua própria voz, a voz da verdade dos explorados. A seguir, com a queda do autocrata egípcio, o Império e o sionismo perderam um dos governos mais lacaios das políticas imperiais dos EUA e de Israel na região. O Imperialismo tem agora, ainda que por enquanto, dois aliados a menos no mundo árabe, e a onda ainda segue o seu caminho.
Segunda Consideração: as causas estruturais desta e das próximas revoluções.
Muito além da auto-imolação do jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, que se incendiou até a morte em protesto contra o fechamento de seu pequeno comércio de rua e contra a corrupção das autoridades que tentaram suborná-lo, o estopim da crise revolucionária que hoje subverte a realidade do Mundo Árabe tem raízes no desemprego e na crise de escassez de alimentos. Estas, por sua vez, são resultado direto do desenvolvimento do capitalismo e de suas contradições (como o desemprego estrutural tecnológico, a crise "financeira" global de 2008 e a expansão das relações capitalistas ao campo, no chamado agronegócio), mas também resulta da Crise Ambiental e seu impacto direto nas safras agrícolas. Fica assim demonstrado o potencial explosivo que o desenvolvimento simultâneo do "aquecimento global" e das contradições do capitalismo representam. O inevitável aguçamento das crises ambiental e econômica irá fatalmente multiplicar as crises revolucionárias e fará de Egito e Tunísia os laboratórios da História do século XXI, de forma que, contraditoriamente, o crescente sofrimento dos povos do mundo será o mesmo caldo fértil capaz de elevar a consciência política destes povos rumo à sua emancipação, levando-os a enfrentamentos cada vez mais radicais e politizados contra seus opressores mais imediatos, sejam eles "ditaduras" ou "democracias fortes". O "vento da mudança" que hoje se espalha pelos países do mundo árabe pode também ser interpretado como uma repetição da onda anti-neoliberal que varreu a América Latina há uma década, conduzindo ao poder governos progressistas e/ou revolucionários por todo o continente, demonstrando que a chama de contestação contra a injusta ordem global capitalista está longe de se apagar, e na verdade vem reavivando.
Terceira Consideração: o "ocidente" e sua democracia "dois pesos e duas medidas".
Salta aos olhos a hipocrisia dos líderes políticos da Europa e da América do Norte e de seus "formadores de opinião" da grande mídia, quando estes comemoram a chegada da "democracia" nos países árabes. Não eram "livres" até agora pouco esses grandes aliados do "ocidente democrático"? Se não, por que os mandachuvas da ordem global capitalista apoiaram com tanto esmero tais regimes, fechando os olhos por décadas a todos os abusos e violações dos direitos humanos cometidos por seus grandes amigos no oriente médio? Logo no início dos protestos, os grandes "guardiões da liberdade e dos direitos humanos" do ocidente negaram qualquer necessidade de mudança nestes países, inclusive tachando as manifestações populares de "perigosas". Um caso emblemático desse cinimso dos donos do mundo foi proporcionado pelo vice de Obama, Joe Biden, que duas semanas atrás sustentava enfaticamente que Mubarak "não era ditador" e que não deveria renunciar. Agora, porém, que o tirano egípcio é escorraçado pelo seu próprio povo e fica impossível esconder a realidade, o próprio Biden vem a público saudar o "dia histórico" da chegada da "democracia" no Egito... Por mais poder que tenham para falsificar os fatos e manipular a opinião pública, até mesmo os donos do mundo se veem obrigados a reescrever suas verdades quando o povo decide escrever a História.
Quarta Consideração: como qualquer autoritarismo sempre derruba a si mesmo.
As revoluções tunisiana e egípcia evidenciam mais uma vez o quanto os instrumentos de opressão usados por poucos para controlar a maioria facilmente se voltam contra seus próprios arquitetos. Pois o fato é que poucos no mundo faziam idéia do tanto que os povos tunisiano e egípcio odiavam os seus governantes, e talvez estes próprios governantes imaginassem menos ainda. Não fosse toda a censura e a imposição de pensamentos únicos sobre os seus povos, Ben Ali e Mubarak seriam capazes de preceber o verdadeiro estado de espírito de seus governados e realizar "reformas" capazes de perpetuá-los no poder. Mas precisamente porque eram tirânicos e autocráticos, não tiveram a percepção (e provavelmente, muito menos a vontade) de fazê-lo. A grande tragédia de todo governo tirânico e/ou autocrático que existiu ou existirá, seja qual for o tipo de sistema social que ele governa, é que a sua incapacidade de ouvir a voz do povo, sua obssessão em fazer sempre as coisas do seu jeito, e não do jeito que a maioria prefere, faz acumular um descontentamento surdo que, proibido de se expressar, sempre acaba um dia por explodir como numa panela de pressão, onde quanto maior a (o)pressão, mais violento é o estouro, tão logo surja uma válvula de escape. A radicalidade de tal explosão se manifesta numa rejeição sistemática a tudo aquilo que se relaciona com o antigo regime, de forma que todas as realizações do regime destituído, para o "mal" ou para o "bem", passam a ser postas em xeque. É neste ponto específico, e somente neste, que a onda revolucionária do mundo árabe encontra paralelo nos acontecimentos vividos no leste europeu em 1989.
Quinta Consideração: a luta (pode) estar apenas começando.
Embora os povos tunisiano e egípcio tenham vencido uma árdua batalha ao derrubar os tiranos que os oprimiam, a luta por sua emancipação encontra-se apenas nos seus estágios iniciais. Ambos os países vivem hoje uma situação de "processo revolucionário em curso", um momento em que a questão em torno da "grande política", isto é, aquela política que trata e/ou questiona as estruturas da sociedade, se torna mais aberta do que nunca. É um ponto de inflexão que vai definir os rumos do país, podendo (ou não) levar o curso da História a guinadas antes jamais imaginadas. Porém, para trilhar tais rumos, consolidando sua revolução e impedindo que ela morra no nascedouro, é preciso que os povos desses países tenham consciência da necessidade de irem além. É preciso não apenas derrubar governos, mas crias novas formas de governar; não apenas destruir o velho, mas também ter a convicção, a coragem e a organização para construir o novo. Em outras palavras, para seguir avançando, é preciso passar da revolução puramente política para a revolução social. Do contrário, estes povos que hoje iniciam as suas revoluções voltarão a ser tragados pela velha ordem, dessa vez disfarçada de "novo". Este é o risco: muda-se algo para que tudo permaneça como está. Externamente, tais países sofrerão fortes pressões para mantê-los subordinados à ordem capitalista global, denunciando-se na grande mídia e (retaliando-se) nos fóruns econômicos qualquer "irresponsabilidade" ou "loucura" que supostos novos governos revolucionários ousem levar adiante. E internamente, em especial no caso do Egito, há o perigo que os militares, historicamente muito ligados aos interesses dos Estados Unidos, interfiram em qualquer tentativa de se romper com a subordinação egípcia ao sionismo e à dominação do Império.
Um comentário:
muito bom o paralelo com o levante popular do seculo 19 , cara realmente temos uma noma primavera dos povos , esperamos que isto não esteja ligado com o novo JIRAD !
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