domingo, 28 de agosto de 2011

Líbia: os últimos dias do antigo regime

Agora que o antigo "regime verde" de Kadafi está quase totalmente destruído, com seu próprio líder escondido em algum lugar a clamar pela formação de um "acordo" para um "governo de transição" (como se derrotados estivessem em posição de fazer acordos), pode-se dizer sem dúvidas que presenciamos a virada de uma página na História do mundo árabe.


Kadafi já foi um dos expoentes da luta anti-imperialista na África, elevando o padrão de vida do seu povo para o melhor do continente, mas ele agora paga por ter cedido ao Imperialismo com sua "abertura econômica" dos anos 90, que piorou a vida do povo e forneceu aos seus inimigos o combustível para a chama da vingança. Ao grande capital transacional, a abertura de Kadafi não foi suficiente. Eles nunca quiseram apenas meia Líbia, queriam por inteiro o petróleo e o sangue do povo líbio - e agora eles finalmente têm o seu saque! O Império também não esqueceria o que Kadafi fez ao vôo da Pan Am em Lockerbie, jamais perdoaria seu apoio a causas progressistas decisivas (como a luta anti-apartheid na África do Sul), e muito menos perdoaria Kadafi por ele ter lhes desafiado com décadas de um governo soberano e em grande parte a serviço do seu povo. É visível o quanto a oposição líbia é "fabricada" pelo Imperialismo, com os próprios rebeldes admitindo que jamais venceriam sem os mais de 700 bombardeios da OTAN. Seus líderes, todos ex-ministros de Kadafi, estão mais dispostos a escolher na ponta do fuzil o novo dono do país do que através de "eleições livres". Só lhes resta o desejo comum de punir com bombas e balas o povo que teve a ousadia de apoiar por tanto tempo aquele que um dia foi o governo mais progressista e incômodo ao capitalismo em toda a África.

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