terça-feira, 1 de maio de 2012

Dinheiro público pra mídia: isso não é corrupção?

Nos últimos dias bombou na internet um escândalo envolvendo o governo do Estado de Santa Catarina e a RBS, afiliada da Rede Globo no sul do país, quando tornou-se pública a "doação" de R$ 800 mil do governo ao grupo de mídia, sem qualquer licitação, para a organização do concerto de Paul McCartney em Florianópolis. Dinheiro público para mãos privadas! Dinheiro do nosso trabalho dirigido para sustentar o monopólio da mídia! Tudo isso feito por um governador (Raimundo Colombo, do DEMO/PSD) que vive a choramingar que "não tem dinheiro" para os professores do Estado (que agora entram em greve pela segunda vez em poucos meses), que "não tem dinheiro" pra segurança pública, e que, por "não ter dinheiro", agora anuncia a demissão de mil funcionários terceirizados do Estado!

Enquanto isso, em São Paulo... 
Em São Paulo, "curral eleitoral" do PSDB, o ex-governador José Serra em um só ano (2010) deu R$ 34 milhões de mão beijada para o Grupo Abril, editora da revista veja (o grande porta-voz da direita raivosa e dos demo-tucanalhas no país), a título de "compra de assinaturas" pelo governo do Estado, que espantosamente incluiu a veja no currículo da rede estadual de educação (doutrinação não era coisa da "esquerdalha"??)! A denúncia, do jornalista Altamiro Borges, reflete até hoje em setores da mídia que não possuem vinculação orgânica com o poder estabelecido em São Paulo.


Mídia e poder: cadê a democracia?

Práticas como as de Serra e Colombo de promiscuidade escancarada entre mídia e governo não são de forma alguma casos isolados, e tampouco são exclusivas de PSDB, DEMO ou PSD. São de fato a regra historicamente disseminada nas relações entre monopólios da mídia e Estado - tanto faz se a nível de município ou de nação. São dois poderes que, na "democracia" capitalista em geral, dependem um do outro para sobreviver. Que Estado e mídia estejam sempre do mesmo lado e falem a mesma língua é condição necessária para a estabilidade de qualquer regime capitalista, tanto faz se no Brasil ou na Suécia. Essa estável amizade entre governos e a mídia só é possível porque o próprio Estado é a expressão do poder dos monopólios privados, não somente da mídia. É o Código Florestal feito pros ruralistas, as privatizações dos portos e aeroportos para o capital industrial, as aposentadorias dos servidores transformadas em fundos para o capital financeiro e... as verbas públicas para o jornalão! Aos capitalistas, tudo, a nós trabalhadores, mais impostos e mais exploração.

E por falar em imprensa "livre" e na sua eterna promiscuidade com o poder econômico, que tal essa do portal de notícias R7 sobre os rabos presos entre Serra, veja, Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta?

"Nesta semana, gravações feitas pela Polícia Federal, às quais o R7 teve acesso, mostraram que Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções, deu orientações a um dos redatores-chefes da revista Veja, Policarpo Júnior, para produção de uma reportagem sobre Agnelo Queiroz (PT-DF). Dias antes, foi publicada uma denúncia sobre a atuação do governador na operação Caixa de Pandora, que derrubou o antecessor e rival José Arruda (ex-DEM). Aparentemente, o grupo de Cachoeira tentava abastecer a revista com informações que interessavam a seus negócios. (...) Recentemente, Serra, atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, anunciou o jornalista Fábio Portela, ex-editor de Brasil da revista Veja, como coordenador de imprensa de sua campanha."

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