terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Uma lógica sem remédio


Há dias o governo do PT vem anunciando que pretende ceder mais benesses ao capital privado nas futuras privatizações de estradas, portos e aeroportos. São aumentos nos prazos de concessão e mais facilidades no financiamento (público!) dos (prometidos..) investimentos que, de acordo com matéria do jornal Folha de S.Paulo, elevaria enormemente a taxa de retorno do capital privado, que em negócios desse tipo estaria hoje em torno de 6%. De início, o ministro da fazenda Guido Mantega falou em aumentar para 10%, ou seja, quase dobrar a lucratividade do capitalista (o que foi considerado apenas "decente" pelo jornal), e hoje já admite querer aumentar esses lucros pra 15%! Trata-se de mais e mais dinheiro público (ou seja, mais do produto do nosso trabalho, daquilo que nós produzimos!) indo de mão beijada pros capitalistas.

Qual a razão desse descalabro? Seria falta de vergonha na cara dos petistas, da presidente Dilma e do ministro Mantega? Se fosse, bastaria substitui-los. Mas não, o buraco é mais embaixo. 

É a lógica do capital e do lucro privado, na qual o governo do PT vem se afundando desde que chegou ao poder, que exige tanto entreguismo. Se amarram a essa lógica já nas eleições ("investir" em candidatos, pra depois cobrar o retorno com juros, sempre foi um grande negócio pro capitalista!), mas não param por aí, pois tal lógica não possui meios-termos; uma vez dentro do jogo, é preciso segui-lo até as últimas consequências. Essa lógica é a do capital, que consiste em um raciocínio bruto e direto: por que os capitalistas iriam querer entrar no negócio de privatização, se este possui quase a mesma taxa de retorno (cerca de 6%, conforme cálculos "do mercado") da aplicação na caderneta de poupança? Claro que, na lógica do capital, esta na qual o PT se deixou afundar até o pescoço, o negócio da privatização precisa ser tornado "mais lucrativo" para atrair os capitalistas. Por tabela, fica claro também porque tal lógica não pode ser remediada, não possui outra saída, além do "cada vez menos pra nós, cada vez mais pra eles". 

É a própria lógica da privatização e do ato de governar para o capital que precisa ser rompida de vez. Ao invés de "crescer o bolo" do capital privado, crescer outros "bolos" que proporcionem relações sociais mais livres, democráticas e igualitárias. Para isso, precisamos primeiro de mais Estado (e não menos), com maior participação do povo sobre este como garantia necessária contra a corrupção e a ineficiência. E acima de tudo, precisamos de menos trabalho explorado e subordinado da empresa capitalista e mais trabalho associado e emancipado da empresa socializada. Em outras palavras, estatização do grande capital (para que este esteja a serviço da sociedade, e não o contrário), poder do povo sobre o Estado, poder do trabalhador sobre sua empresa - a direção é esta. Mas claro, o PT tem medo de ser "radical". Quer governar "para todos", e assim tudo segue na mesma, uns trabalhando cada vez mais para outros poderem lucrar também cada vez mais.

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