quinta-feira, 4 de junho de 2015

A contra-reforma política

Esta semana mais um golpe foi dado pela câmara dos deputados, dessa vez na chamada "reforma política", aprovada como sempre às pressas e sem qualquer discussão. Traindo a palavra "reforma", os deputados  mantiveram o famigerado financiamento privado de campanha, principal combustível da corrupção na política que tanto beneficia os grandes partidos da ordem (PT, PMDB, PSDB, etc.) e mantiveram o falido sistema eleitoral proporcional, reforçando o fenômeno das chamadas "legendas de aluguel", partidos sem qualquer representatividade que se elegem vendendo-se em coligações interesseiras e sem qualquer critério, reforçando o oportunismo, a falta de coerência e de compromisso ideológico na política.

A única novidade foi a criação de uma vergonhosa cláusula de barreira, verdadeira censura que proíbe o acesso aos programas de rádio e TV e ao dinheiro do fundo partidário aos partidos sem representação no congresso, o que penaliza aqueles poucos que não se vendem ao suborno do financiamento privado nem se entregam a coligações espúrias, ou seja, fecha o espaço de representação justamente àqueles  poucos partidos que de fato se opõem à mesmice e ao mar de lama da política brasileira.

Com mais este retrocesso, o já esgotado sistema político brasileiro se distancia ainda mais da sociedade; torna-se ainda mais fechado e avesso às mudanças de fundo que o país tanto necessita. Deslegitima ainda mais a ordem política justamente quando esta mais carece de legitimidade. Os idealizadores da contra-reforma política pensam que poderão sufocar aqueles que contestam a ordem política e social vigente no Brasil, mas estão apenas pavimentando o caminho para sua mais radical supressão.

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