terça-feira, 14 de julho de 2009

Porque a única saída para a crise ambiental é o socialismo.

Há muito que o mundo discute a importância vital de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para impedir a devastadora crise ambiental que o aquecimento global ameaça nos infligir nas próximas décadas. Desde a eleição de Obama à presidência dos EUA, com a conseqüente queda da irracional extrema-direita que governava a última potência mundial insensível à ameaça do colapso ambiental, hoje não há mais no mundo quem discorde da urgência em se reduzir a queima de combustíveis fósseis (como carvão e derivados de petróleo) causadores do aquecimento global. Então porque sucessivos encontros de cúpula dos principais líderes mundiais, como o encontro do G8 ocorrido essa semana na Itália, têm fracassado sucessivamente em apresentar medidas práticas contra essa crise ambiental que se avizinha, mesmo sendo esta de longe a maior ameaça já enfrentada pela Humanidade?

Em primeiro lugar porque, independente do sistema econômico-social existente, seja ele capitalismo, socialismo ou qualquer outro, o fato é que hoje a economia mundial ainda é extremamente dependente das velhas e poluidoras fontes de energia; e embora atualmente já exista tecnologia para substituí-las por outras fontes limpas e renováveis, tal adaptação terá um custo financeiro muito alto. Assim, é natural que nenhuma nação queira pagar o pato pela crise. Só que vivemos em um mundo extremamente desigual, e portanto também é natural que cada país precise dar sua parte no combate à crise ambiental de acordo com suas capacidades. Aí é que as regras da ordem capitalista mundial começam a se chocar com a necessidade urgente de se agir: pois há muito que os países ricos vêm cobrando das nações ditas “em desenvolvimento” (em especial a Índia e a China, hoje os maiores poluidores do mundo) que “também eles” reduzam drasticamente suas emissões de gases do efeito estufa, ignorando no entanto que somente os ricos é que têm o dinheiro e a tecnologia para fazer isso. É fato que sem a adesão dos países “em desenvolvimento”, qualquer esforço de redução do aquecimento global será em vão. Mas esses países simplesmente não dispõem dos meios para tanto, meios estes que, na forma de capital e patentes de tecnologias, seguem como propriedade particular das transnacionais dos países ricos. Cria-se assim um impasse, para o qual simplesmente não há solução dentro dos marcos do sistema mundial de produção-para-o-lucro: existem os meios para se deter o aquecimento global, mas estes não são plenamente utilizados.

Em resposta a esse dilema, recentemente o governo do Brasil fez uma proposta revolucionária. Como é menos difícil fazer revolução com quem não financia a sua campanha eleitoral, a representação brasileira junto ao Painel Intergovernamental de Mudança Climática da ONU não temeu em clamar pelo óbvio: que aos países “em desenvolvimento” seja permitido quebrar patentes de tecnologias capazes de conter o aquecimento global, e que um fundo mundial seja criado para financiar o acesso a esses equipamentos. Não há de fato outra alternativa senão essa: tornar de domínio público os meios capazes de evitar a crise ambiental, meios esses que hoje são propriedade particular de um punhado de empresas. Só que aí não está mais se falando em capitalismo, mas sim em socialismo. Nesse sentido, não é de se estranhar a reação imediata dos governos dos países ricos (esses sim financiados pelas transnacionais) que se opuseram de imediato pela inclusão desse assunto no próximo encontro sobre o acordo climático a ser realizado em dezembro na Dinamarca, inclusive acusando os autores da proposta de “oportunistas”.

Neste exemplo fundamental, vê-se claramente como a própria essência do capitalismo impede qualquer solução dentro deste sistema para os problemas ambientais que nos ameaçam cada vez mais. Tentativas de se deter o aquecimento global nos marcos do sistema, tais como o comércio dos chamados “créditos de carbono”, fracassaram completamente em oferecer uma resposta efetiva à crise. É preciso pois que a Humanidade se desfaça enquanto ainda há tempo dessa perigosa ilusão, a de que o aquecimento global e a crise ambiental como um todo possam ser enfrentados sem exigir uma mudança profunda e radical em nossa civilização moderna, em nosso modo de vida e na forma de sociedade em que nos organizamos. Impedir o total colapso ambiental do planeta em que vivemos, sem dúvida o desafio mais colossal já enfrentado pelo gênero humano, é uma tarefa imensa demais para poder ser levada a cabo apenas mudando-se uma ou outra coisa no sistema. A transformação precisa ser completa. A superação definitiva da crise ambiental exige um novo mundo, completamente diferente do que existe atualmente, um mundo socialista.

2 comentários:

Anônimo disse...

E pq não apenas acatar a idéia do governo braisleiro? pq precisaria de um mundo socialista e utópico? até seu lindo mundinho socialista se formar estaremos todos mortos pelo aquecimento global. é incrível como esquerdista é cego. oq te faz pensar que um mundo socialista é possível? já temos todos os exemplos de que não funciona e nunca funcionará.. assim como um mundo em total liberdade tbm não..

PCB PELO BRASIL disse...

Bom texto, sobretudo por evidenciar com clareza uma das maiores contradições do capitalismo, que é o de aumentar a concentração de riquezas às custas da destruição total do planeta que as encerra.

Seu blog é bem interessante, Eduardo. Compartilhamos o mesmo interesse sobre a perspectiva auto-gestionária do socialismo. No entanto -- e sou obrigado a ser sincero -- eu não sei se o PCB é ainda um fórum adequado aos que compartilham tal visão. O PCB firma-se a cada dia como um partido muito mais leninista do que marxista, e bem sabemos que Lênin -- e seus seguidores -- não morriam de amores pelas idéias descentralizadoras e auto-gestionárias.

Logo, não estranhe quando as críticas chegarem. Elas chegarão. A liberdade proposta pelo socialismo auto-gestionário e a centralização e rígida hierarquia propostos pelo leninismo tendem a evoluir até o limite da total incompatibilidade, na medida que uma ou outra se afirme.

No mais, um grande abraço...

carlos ars, Queimados / RJ