Provavelmente nada reflete melhor o inconciliável antagonismo que há
entre os interesses do capitalismo e os do povo trabalhador do que a lei
férrea que rege, nos marcos deste sistema, a questão do emprego (e por
tabela, dos salários) dos trabalhadores. Não são muitos os que percebem (ou suportam
perceber) que, apesar do repúdio "oficial" da mídia privada, dos
governos burgueses etc. ao problema do desemprego, na prática um alto
nível de desemprego é necessário, na verdade vital, para a saúde
imediata do capital. Basta notar que, no capitalismo, a força de
trabalho é uma mercadoria como qualquer outra, estando submetida às
mesmas leis férreas de oferta e procura. Quanto menor o desemprego
(ou seja, maior o equilíbrio entre oferta e procura de trabalho), maior o poder de barganha do trabalhador em relação ao patrão, os salários tenderão a ser maiores, mais pessoas terão uma fonte de renda
garantida, maior será o bem-estar geral e... por seus maiores custos com
a mão de obra, menores serão os lucros e a saúde do capital! Na
situação oposta, maior desemprego, significando procura de emprego muito maior do que oferta, leva a um rebaixamento dos salários, pagos a cada vez menos trabalhadores; pior será a vida da
população em geral e... maiores serão os lucros e o bem-estar do
capital! Aí está toda a perversidade deste sistema e seu antagonismo
principal: o que é bom para o capital é ruim para o trabalho, e vice
versa!